“Eu nunca tive que aprender a lidar com isso, ou aprender a me portar diferente.”
Maria estava aprendendo a se portar diferente, depois de ter que ser assim. Sua vida havia tomado outro rumo e ela viu que nem todo mundo pensa como ela.
Existe uma coisa que eu nunca pensei que iria precisar aprender: lidar com as pessoas. Eu que sempre achei tão fácil chegar e demonstrar afeto percebo o quanto isso pode ser difícil ou não necessário.
Se digo que te amo, estou falando não porque quero te agradar e sim porque realmente sinto, desejando ao menos receber um obrigada em troca, mas com o tempo vi que não era assim. Você cresce em um ambiente onde todos também demonstram algo e quando não se vê nesse lugar, sente vontade de sair correndo.
Você que sempre cresceu em casa, com sua mãe e familiares por perto, um dia resolve mudar, morar longe e sozinha. É nessa hora que percebe como o mundo é grande e difícil de lidar, pois não encontramos na esquina alguém que vá rir de uma piada boba ou que mostre querer sua companhia.
E é por aqui que a história de hoje começa.
Maria sempre esteve rodeada de pessoas, não que ela fosse popular, ela apenas gostava de se sentir querida e prezava a amizade.
Em um dia ela está com a casa cheia de pessoas e no outro, se vê obrigada a arrumar suas coisas por conta de uma transferência de emprego em uma outra cidade.
Tudo bem, telefone, e-mail, tudo possibilita contato, mas embora ela quisesse acreditar, não é a mesma coisa.
Porém, isso não a fez desistir. Arrumou suas coisas, disse o famoso “até logo” e foi.
Uma cidade nova, pessoas novas, tudo aquilo que ela não queria pensar, mas iria viver.
No começo ainda existia empolgação até pra arrumar suas coisas. Dia novo de trabalho, pessoas novas, ela ainda não via a hora de encontrar todo mundo e poder provar que amizade pode ser feita a qualquer hora.
Mas é ai que ela viu a diferença entre ser amigo e ser colega.
Ser colega é falar oi, demonstrar pouco interesse no que você vai contar e quando você precisa dizer algo ou um conselho, ele apenas ouve sem demonstrar muito interesse, isso quando ele não te interrompe com outra coisa e não te deixa terminar.
Enquanto amigo você pode ligar a qualquer hora que ele vai te ouvir, sofrer junto com você e fazer dos seus problemas o dele. Amigo não te diz que está tudo certo, mostra seu erro e te faz concertar. E foi isso que ela descobriu, mesmo com pouco tempo.
Um dia Maria tinha visto algo ruim, e isso a tinha deixado triste. Tentou demonstrar o que era, mas pela primeira vez na vida se sentiu totalmente sozinha e sem poder contar.
Estava ali em uma cidade distante, chorando e não via ninguém que pudesse oferecer um abraço. Nesse momento, sua maior vontade era voltar pra casa e chorar sozinha.
Mas ela passou por isso, passou porque se ela quisesse ser uma pessoa forte, ela iria lidar até com suas fraquezas.
Com o tempo seu pensamento mudou. Não era aquela menina bobona de antes que se sacrificava por tudo e todos, já que uma de suas lições era que nem todos se portavam assim.
E como ela pensa hoje? Ela pensa que se você quer receber carinho, tem que dar carinho. Da mesma forma que se você quer amor, você tem que amar também.
E a única coisa que ela sempre gosta de deixar em destaque é que ninguém consegue viver só, porque mais que pareça desnecessário a presença de alguém, mas uma pessoa sozinha, não consegue ser totalmente feliz, por sempre vai sobrar um vazio, uma falta... Um alguém.
22/04/11
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